domingo, 1 de janeiro de 2012

Um grito em silêncio.

O antes confiante, perguntou-se o que havia feito de errado. Faltava-lhe tudo, mesmo que tudo por ora tivesse. Apegou-se a um Deus, o clichê dos fracos, quando até aquele dia fazia pouco caso de todos os existentes. Atribuiu invisível culpa a erros passados, como o mais completo interessado, e pateticamente puro, em suas dúvidas e pavores. Antigas traições em relações fracassadas, joviais prazeres, heresias de qualquer gênero e grau, tentando justificar a falta de rumo em sua trama pálida, dupla, incoerente e possivelmente eterna, de um homem - talvez um garoto que acha saber demais - que considerava o amor o modelo de subserviência plena a felicidade. Chorou, muito, sem justificar o teor das lágrimas junto às normas de masculinidade dos homo-sapiens. Falou alto com possíveis assombrações, se vestiu de louco, amou cada vez mais e rezou, com a vermelhidão estampada em seu olhar transbordando a falta de certeza. Ajoelhou-se, sem olhar para frente, para os lados, para o futuro, muito menos para o breve passado, bem em cima dos seus sonhos. Não temeu uma represália da vida, muito menos do amor, a quem lhe confiava seus maiores segredos. Afinal, até aquele dia, antes de cultuar um Deus clichê, chorar feito um homem de verdade, culpar as suas lembranças errôneas, havia sido o melhor dentre todos que ousaram pousar sobre o diamante bruto, situado entre os anjos, demônios, ou qualquer coisa que ela denomine ser. Ele havia sido ele, ela, os dois juntos, o presente e o futuro, num único ser de altura mediana, sorriso frouxo e olhos caídos.

O antes confiante, perguntou-se o que havia feito de errado.

E ouviu um silêncio como resposta...

                                          Breno Massena, o "Poeta de Alma".
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