O antes confiante, perguntou-se o que havia feito de errado.
Faltava-lhe tudo, mesmo que tudo por ora tivesse. Apegou-se a um Deus, o
clichê dos fracos, quando até aquele dia fazia pouco caso de todos os
existentes. Atribuiu invisível culpa a erros passados, como o mais
completo interessado, e pateticamente puro, em suas dúvidas e pavores.
Antigas traições em relações fracassadas, joviais prazeres, heresias de
qualquer gênero e grau, tentando justificar a falta de rumo em sua trama
pálida, dupla, incoerente e possivelmente eterna, de um homem - talvez
um garoto que acha saber demais - que considerava o amor o modelo de
subserviência plena a felicidade. Chorou, muito, sem justificar o teor
das lágrimas junto às normas de masculinidade dos homo-sapiens. Falou
alto com possíveis assombrações, se vestiu de louco, amou cada vez mais e
rezou, com a vermelhidão estampada em seu olhar transbordando a falta
de certeza. Ajoelhou-se, sem olhar para frente, para os lados, para o
futuro, muito menos para o breve passado, bem em cima dos seus sonhos.
Não temeu uma represália da vida, muito menos do amor, a quem lhe
confiava seus maiores segredos. Afinal, até aquele dia, antes de cultuar
um Deus clichê, chorar feito um homem de verdade, culpar as suas
lembranças errôneas, havia sido o melhor dentre todos que ousaram pousar
sobre o diamante bruto, situado entre os anjos, demônios, ou qualquer
coisa que ela denomine ser. Ele havia sido ele, ela, os dois juntos, o
presente e o futuro, num único ser de altura mediana, sorriso frouxo e
olhos caídos.
O antes confiante, perguntou-se o que havia feito de errado.
E ouviu um silêncio como resposta...
Breno Massena, o "Poeta de Alma".
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